A Puig (PUIG.ES) poderá tornar-se a IPO mais importante do mercado espanhol desde a Acciona Energía em 2021. A empresa multinacional decidiu abrir o capital após resultados recorde em 2023, com vendas de 4.304 milhões de euros. A família Puig está a abrir as portas da sua empresa de moda e fragrâncias, composta por grandes marcas como Carolina Herrera, Jean Paul Gaultier e Rabanne. Tudo indica que a avaliação da empresa fará dela uma das mais importantes OPI no mercado espanhol nos últimos anos, ultrapassando algumas das principais OPI internacionais, mas como se desenrolará exatamente o processo? Neste artigo, apresentamos as chaves desta operação.
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Abrir Conta TESTAR A DEMO Download mobile app Download mobile appFonte: XTB Research Team
O que é o Grupo Puig?
O Grupo Puig é uma empresa internacional de moda e cosmética com 110 anos de história, fundada pelo empresário Antonio Puig Castelló em Barcelona. O grupo, atualmente controlado pela família Puig, é composto por 17 marcas mundiais que se complementam estrategicamente, centrando-se em diferentes segmentos. A multinacional tem um bom historial de aquisições de empresas em que mantém os fundadores e incentiva-os a trabalhar em conjunto. De facto, por vezes, os fundadores detêm acções da empresa. Desta forma, continua a gerar-se uma elevada convergência de interesses, ao mesmo tempo que se lhe confere uma maior solidez financeira.
Com esta estratégia, a Puig alcançou resultados recorde em 2023, acumulando dois anos de crescimento sólido. De facto, poderão rever os seus objetivos para 2025. Cerca de 4.500 milhões de euros em receitas foram projetados para esse ano, mas com 4.304 milhões de euros reportados em 2023, esse número foi praticamente alcançado. Neste contexto, vale a pena notar que esta não é a primeira vez que o Grupo Puig atinge os seus objectivos antes do previsto, uma vez que estabeleceu um objetivo de 3.000 milhões de euros para 2023, que ultrapassou largamente.
Fonte: XTB Research Team. Os dados provêm dos relatórios da empresa.
Além disso, o Grupo Puig tem uma boa diversificação das suas receitas, tanto a nível geográfico como por sector de atividade. De facto, a China, uma das maiores preocupações para as marcas de luxo, está a ir bem para a Puig. Tanto assim que, em 2023, alcançou um crescimento de 27% nas vendas no país, com Charlotte Tilbury a liderar a marca. Assim, olhando para o futuro, esperamos que a China possa ser uma boa oportunidade para a Puig continuar a expandir-se internacionalmente.
Fonte: XTB Research Team. Os dados provêm dos relatórios da empresa.
Quais são as marcas do Grupo Puig?
Atualmente, o Grupo Puig está presente em 32 países através de 17 marcas, que podem ser divididas em dois tipos diferentes: próprias e licenciadas. No entanto, a maior parte das receitas da multinacional provém das marcas próprias, o que lhe confere um maior controlo de gestão.
Entre as marcas próprias da Puig destacam-se Carolina Herrera, Jean Paul Gaultier, Nina Ricci e Rabanne, que contribuíram com 23% das receitas totais da empresa, ultrapassando os 1.000 milhões em vendas líquidas em 2023. Neste contexto, vale também a pena referir as últimas aquisições da multinacional: a marca de cosméticos Charlotte Tilbury e a empresa de perfumes Byredo.
Por seu lado, as licenças mais notáveis de Puig são Louboutin, onde opera exclusivamente no sector da cosmética, Banderas ou Adolfo Dominguez, uma linha de perfumes que detém 15% do total da empresa. Para além disso, o grupo detém também participações não maioritárias em marcas como a Isdin, Granado e Scent Library.
Que acções são objeto de emissão?
Em primeiro lugar, é necessário definir os dois tipos de acções detidas pela Puig, uma vez que não têm os mesmos direitos do ponto de vista dos accionistas. As acções A, que a família Puig continuará a deter, têm direito a 5 votos na assembleia geral de accionistas, enquanto as acções B, que serão emitidas no âmbito da OPI, terão apenas 1 direito de voto. Embora a família estivesse disposta a deixar até 49% da empresa nas mãos de outros accionistas, dada a procura da oferta, acabará por manter 77% das acções e mais de 90% do poder de voto. Concretamente, a OPI do Grupo Puig será composta por duas partes. A primeira consiste numa emissão de acções novas no valor de 1 250 milhões de euros e a segunda numa oferta pública de acções existentes no valor de 1 360 milhões de euros.
Hoje é o primeiro dia de negociação das acções da empresa
O calendário da OPI tem sido intenso, embora os principais dias para os investidores interessados nas acções da Puig sejam os seguintes:
- 30 de abril: foi fixado o preço oficial das acções Puig e a dimensão final da emissão.
- 3 de maio: primeiro dia de negociação na bolsa. A data mais importante para os investidores, uma vez que as acções começam a ser negociadas na bolsa espanhola neste dia.
As acções da empresa estão atualmente a ser negociadas acima do nível de 25 euros por ação. Isto confere à empresa uma avaliação final de mais de 13,9 mil milhões de euros. Estes valores excedem a primeira estimativa do grupo internacional, que apontava para uma avaliação de 10 mil milhões de euros, e revelam um forte interesse dos investidores na compra de acções da Puig, uma vez que estão dispostos a pagar um múltiplo mais elevado do que os concorrentes. Para contextualizar estes números, se a Puig fizesse parte do Ibex 35, ocuparia o décimo quinto lugar em termos de capitalização bolsista após a sua admissão à cotação, o que a deixaria a meio da tabela.
Fonte: XTB Research Team. Refinitiv
Inicialmente, as acções da Puig não farão parte do Ibex 35, embora cumpram perfeitamente o critério de capitalização bolsista. De facto, uma vez que faria parte das vinte empresas com maior capitalização bolsista, poderia ser incluída mesmo com um volume de negociação reduzido. No entanto, para que uma empresa seja incluída no Ibex 35, deve estar cotada há pelo menos seis meses. Além disso, o comité que decide quais as empresas que entram e saem do índice toma normalmente decisões nas suas reuniões de junho e dezembro. Por conseguinte, a Puig poderia entrar no índice Ibex 35 no final de 2024.
Qual será a política de dividendos da Puig?
Embora a política de dividendos não tenha sido definida nesta nova fase como empresa cotada, a Puig pagou 40% dos seus lucros nos últimos 20 anos. Na gíria financeira, isto é conhecido como um payout de 40%. Se tomarmos como exemplo o ano de 2023, este pagamento ascenderá a 186 milhões de euros. Neste sentido, a Puig espera efetuar o seu primeiro pagamento de dividendos como empresa cotada em 2025, tal como refletido no prospeto enviado à CNMV.MV.
O material foi elaborado pela sucursal espanhola da XTB.
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